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terça-feira, dezembro 08, 2009

O CANDOMBLÉ DE CABOCLO

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O caboclo é a entidade espiritual presente em todas as religiões afro-brasileiras, sejam elas organizadas em torno de orixás, voduns ou inquices. Pode não estar presente num ou noutro terreiro dedicado aos deuses africanos, mas isto é exceção. Seu culto perpassa as modalidades tradicionais afro-brasileiras — candomblé, xangô, catimbó, tambor de mina, batuque e outras menos conhecidas —, constitui o cerne de um culto praticamente autônomo, o candomblé de caboclo, e define estruturalmente a forma mais recente e mais propagada de religião afro-brasileira.

O Candomblé, ao desembarcar no Brasil, com os escravos, encontrou os índios que praticavam a pajelança, praticado de várias formas. Forma de culto xamânico que ocorre na região Norte, com rituais de origem indígena mesclados a elementos do espiritismo, catolicismo e dos cultos afro-brasileiro.
Os celebrantes são chamados "pajés", termo de origem tupi que significa xamã.
Os Jesuítas, incumbidos de doutrinar os índios e depois o negro, proibiram que estes cultuassem seus Deuses. Os escravos, por não terem alternativa, constituíram altares com imagens e gravuras dos Santos do Catolicismo. Associavam as imagens aos Orixás. Os rituais eram realizados nos terreiros das senzalas e até em pequenas igrejas católicas construídas para escravos durante á madrugada.

Com o tempo, alguns terreiros começaram a misturar os rituais do Candomblé com os da pajelança, dando origem a um outro culto denominado de Candomblé de Caboclo. Os espíritos que se manifestavam eram os de índios e de negros.
Do Candomblé primitivo, restou um tronco original que continuou fiel a suas raízes.

Em 1908, por vontade dos espíritos superiores, crio-se um movimento espiritualista, destinado a fazer progredir os cultos nascido do Candomblé.

As pessoas erroneamente tratam o Candomblé de Caboclo de modo pejorativo como se o mesmo não tivesse sua força, sua graça, sua beleza, sentindo-se os próprios donos da verdade.

O Candomblé de Caboclo é todo ritual religioso que além do culto aos Orixás, cultua os espíritos de índios, que são os caboclos, a corrente africana que são os preto-velhos, os boiadeiros, espíritos do sertão nordestino.
Essas entidades não são de Candomblé, simplesmente estão em casas de Candomblé e/ou Candomblé de Caboclo.

O Caboclo Boiadeiro, é alegre, destemido, valente, brincalhão. Teriam vivido no sertão na lida com o gado e usam chapéu característico de couro. Os marujos, sempre cambaleantes por causa do tombo do mar, que marca a vida nos navios simbolizam a fartura a alegria e a verdade.

O termo Candomblé de Caboclo teria surgido na Bahia, entre o povo-de-santo ligado ao Candomblé de nação Queto.

No Candomblé de Caboclo, há predominância de muitos elementos do Candomblé de Angola. Os atabaques são tocados com as mãos, as músicas são cantadas em português, com uso freqüente de termos rituais de origem banta.

O apelo a uma cultura indígena, idealizada, proporciona ao Candomblé de Caboclo uma valorização aos elementos nacionais, fazendo dela uma religião Brasileira por excelência.

Existem poucas casas de Candomblé de Caboclo, sendo mais freqüente em São Paulo , Rio de Janeiro e no Nordeste do Brasil.

Trata-se portanto de um exemplo nítido do sincretismo religioso popular no Brasil. Registam-se nele influências indígenas e mestiças, resumindo-se os hinos especiais de cada encantado ou caboclo, cantados em português, a uma declaração dos seus poderes sobrenaturais.
A origem dos candomblés de caboclo estaria no ritual de antigos negros de origem banto, que na África distante cultuavam os inquices — divindades africanas presas à terra, cuja mobilidade geográfica não faz sentido — e que no Brasil viram-se forçados a encontrar um outro antepassado para substituir o inquice que não os acompanhou à nova terra.
Neste novo e distante país, que antepassado cultuar senão o índio, o caboclo, como diziam os antigos nordestinos? Os antigos habitantes, quem senão o verdadeiro e original "dono da terra"?
Apesar de preponderantemente identificados como índios, há caboclos de diferentes origens míticas, como boiadeiros, turcos e marinheiros ou marujos.
Caracterizam-se, em geral, pela comunicação verbal e proximidade de contato com o público que freqüenta os terreiros.

Eles brincam, entoam cantigas e tiram as pessoas para dançar ao som de seu alegre samba.

Além da animação, outra característica marcante é seu poder de cura e a disposição para ajudar os necessitados, mais a sabedoria. Acredita-se que os caboclos conhecem profundamente os segredos das matas, podendo assim receitar com eficácia folhas para remédios e banhos medicinais.
No imaginário popular, o caboclo é a um só tempo valente, destemido, brincalhão e altruísta, capaz de nos ajudar para o alívio das aflições cotidianas. As pessoas que acorrem aos cultos afro-brasileiros, sobretudo as mais pobres, encontram nesta entidade um sábio curandeiro, sempre pronto a vir em socorro dos aflitos.
O termo candomblé de caboclo teria surgido na Bahia, entre o povo-de-santo ligado ao candomblé de nação queto, originalmente pouco afeito ao culto de caboclo, justamente para marcar sua distinção em relação aos terreiros de caboclos. Nos anos 30, de acordo com relato da antropóloga americana Ruth Landes, que esteve na Bahia num período entre 1938 e 1939, usavam-se as expressões mãe cabocla, seita cabocla, candomblé de caboclo em oposição aos termos dos candomblés africanos.

Hoje, na diferenciação com outras nações de candomblé, como queto, jeje, ijexá, efã, angola e congo, fala-se numa nação caboclo, mas raramente pode-se encontrar um candomblé de caboclo funcionando independentemente de um candomblé das outras nações. Embora muito associado ao candomblé angola, o rito caboclo já começava, à época da visita de Landes à Bahia, a ser incorporado também a candomblés de nação queto.

Na disputa por legitimidade e prestígio, os candomblés de caboclos foram considerados inferiores tanto pelo povo-de-santo como pelos pesquisadores, que deles escreveram muito pouco. O primeiro trabalho científico tratando com profundidade do candomblé de caboclo somente apareceu em 1995, com a publicação do livro.

O dono da terra, tese de mestrado defendida na USP pelo antropólogo baiano Jocélio Teles dos Santos.

A dissimulação e mesmo a negação do culto aos caboclos nos terreiros marcados pela ortodoxia nagô, entretanto, mantém-se até hoje, sendo comum a acusação de que em tal ou qual terreiro queto que não tem caboclo, a mãe-de-santo ou outra pessoa de prestígio recebe seu caboclo escondido ou, no mínimo, lhe oferece sacrifícios na mata.
Apesar de considerado inferior, o candomblé de caboclo impregnou-se nas demais nações e por meio delas propagou-se pelo País.

No candomblé de caboclo há predominância de muitos elementos do candomblé angola, os atabaques são tocados com as mãos, as músicas são cantadas em português, com uso freqüente de termos rituais de origem banto.

O apelo a uma cultura indígena, quase sempre idealizada, proporciona ao candomblé de caboclo uma valorização de elementos nacionais, fazendo dele, na concepção popular, uma religião "brasileira por excelência".

Elementos simbólicos nacionais são ressaltados, como a menção às matas, as cores verde e amarelo, o sincretismo católico e a miscigenação racial. Em todo seu repertório musical fala-se muito desse amálgama cultural que é o Brasil.
Esta matriz cabocla foi inteiramente absorvida pela umbanda, que na forma é um candomblé de caboclo, mas que contém uma elaboração ética da vida que separa o bem do mal
Os caboclos são espíritos dos antigos índios que povoavam o território brasileiro, os antigos caboclos, eleitos pelos escravos bantos como os verdadeiros ancestrais em terras nativas. São espíritos, não deuses.
No candomblé, os caboclos, que também podem ser do sexo feminino, são considerados filhos dos orixás e os próprios caboclos incorporados a eles assim se referem, quando dizem que foi o pai ou a mãe que os mandou vir à terra para a celebração do toque, ou quando vão embora e dizem que foi o pai ou a mãe que chamou.

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