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segunda-feira, junho 13, 2011

Ogum no Novo Mundo

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Ogum no Brasil é sobretudo o orixá dos guerreiros e dos ferreiros. Perdeu a posição de protetor dos agricultores, pois os escravos, nos séculos anteriores, não possuíam interesse pessoal na abundância e na qualidade das colheitas e não procuravam sua proteção neste domínio. Isso explica, igualmente, pouco a pouco que os iorubas, escravos no Brasil, deram ao Òrişà Oko, cujo culto continuou popular na África. Como deus dos caçadores, Ogum foi substituído por Oxóssi, trazido à Bahia pólos africanos de Keto, fundadores dos primeiros candomblés desta cidade.
As pessoas consagradas a Ogum usam colares de contas de vidro azul-escuro e, algumas vezes, verde. Terça feira é o dia da semana que lhe é consagrado. Como na África, ele é representado por sete instrumentos de ferro, pendurados em uma haste do mesmo metal, e por franjas de folhas de dendezeiro desfiadas, chamadas màrìwò que, penduradas acima das portas e janelas de uma casa ou à entrada dos caminhos, representam proteção e barreiras contra as más influências. Seu nome é sempre mencionado por ocasião de sacrifícios dedicados aos diversos orixás no momento em que a cabeça do animal é decepada com uma faca – da qual ele é o senhor.
É também o primeiro a ser saudado depois que Exú é despachado. Quando Ogum se manifesta no corpo em transe de seus iniciados, dança com ar marcial, agitando sua espada e procurando um adversário para golpear. É, então, saudado com gritos de “Ogum ieee!” (“Olá, Ogum!”). É sempre Ogum quem desfila na frente, “abrindo caminho” para os outros orixás, quando eles entram no barracão nos dias de festa, manifestados e vestidos com suas roupas simbólicas.
O adarrum é o ritmo característico de Ogum. É um ritmo "quente", rápido e contínuo e que lembra o galope frenético de um cavalo. É um ritmo executável pelos atabaques apenas, sem canto. Ogum dança vestido com suas roupas de azul profundo, de capacete e empunhando um facão, numa dança cheia de movimentos rápidos, "abrindo os caminhos" e "guerreando" com vigor. As comidas cerimoniais a ele oferecidas costumam ser simples, preferencialmente secas, sem molhos elaborados, feitas com o mínimo de ingredientes para estar prontas rapidamente, sem necessidade de empregados e panelas - comiida de soldado ou viajante. Seu prato por excelência é o inhame assado, acompanhado de feijão-fradinho rapidamente torrado diretamente no fogo.
O arquétipo de Ogum é o das pessoas violentas, briguentas e impulsivas, incapazes de perdoarem as ofensas de que foram vítimas. Das pessoas que perseguem energicamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente. Daquelas que nos momentos difíceis triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança. Das que possuem humor mutável, passando de furiosos acessos de raiva ao mais tranquilo dos comportamentos. Finalmente, é o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os outros por uma certa falta de discrição quando lhes prestam serviços, mas que, devido à sinceridade e franqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem odiadas.
Na Bahia, Ogum foi sincretizado com Santo Antônio de Pádua, por uma tradição peculiar à cidade de Salvador. Em 1595 uma imagem sua foi maltratada por protestantes. Estes foram capturados e viram dar à praia a imagem, que tinham jogado ao mar. Pela vitória contra os inimigos luteranos, o santo foi alistado no Forte da Barra, com direito a soldo. Em 1705, foi promovido a capitão e, na II Guerra Mundial, a major. No Rio de Janeiro e demais estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste do Brasil é sincretizado com São Jorge e, em Cuba, com São João Batista e São Pedro.

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