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terça-feira, setembro 13, 2011

CABOCLOS E ORIXÁS

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Caboclos e orixás são tratados nos candomblés como entidades de naturezas diferentes. Além das distinções de caráter meramente formal, há aspectos que os distinguem e que são importantes na relação que se estabelece entre cada um deles e seus devotos. 
Todo filho-de-santo deve ser iniciado para um determinado orixá (ou inquice, ou vodum), que é considerado seu antepassado, seu pai ou mãe, sua fonte de vida. 
A iniciação implica recolhimento e ritos complexos que envolvem somas de dinheiro elevadas, nem sempre compatíveis com a extração social dos adeptos das religiões afro-brasileiras, em geral, pobres. O culto do caboclo não requer processo iniciativo deste tipo, podendo ocorrer em algumas casas o batismo do caboclo, um ritual de confirmação bem mais simples que a “feitura”.
Enquanto os deuses africanos vêm aos terreiros para dançar e falam apenas com algumas pessoas com cargos sacerdotais, os caboclos dirigem-se diretamente a todos que os procuram nos toques ou nas festas. Conversar é sua característica marcante. Todo caboclo é falante. Pode ser simpático ou carrancudo, amigável ou arredio, irreverente ou reservado, mas é sempre falador. Para se conhecer a vontade dos orixás é preciso recorrer ao jogo de búzios, que somente a mãe ou pai-de-santo pode jogar. Parecem um tanto distantes, portanto. Já os caboclos dizem o que sentem sem nenhuma mediação. A relação com o cliente é direta, face a face. 
A língua é outro fator importante nesta distinção, pois grande parte das pessoas que vão aos terreiros não compreende as línguas rituais derivadas do iorubá, fom ou quicongo e quimbundo em que se cantam as cantigas. 

Nem mesmo a maioria dos filhos-de-santo sabe o que está
 cantando, pois as línguas rituais hoje são intraduzíveis. Aos caboclos, pelo contrário, canta-se em português. Suas cantigas são simples e sugestivas, com expressões e termos conhecidos do catolicismo tradicional e do imaginário popular. Um culto assim é menos afro e mais brasileiro, ou seja, mais “nosso” para muita gente. Em alguns terreiros, os caboclos são concebidos como “mensageiros” dos orixás. Segundo alguns pais-de-santo, eles são transmissores das vontades divinas, afinal “eles falam o que os orixás não podem falar”.

Caboclo – No Candomblé é o dono da terra. Na sua maioria são espíritos de índios. Os caboclos de maior popularidade são: Tupinambá, Tupiniquim, Sete flechas, Pena Branca, Sultão das Matas, Sete Serras, Serra Negra, Pedra Preta (este ultimo foi o espírito do famoso pai de santo Joaozinho da Gomeia), Erú, Rompe Mato, Raio do Sol, Rompe Nuvem e outros. Na Bahia os Candomblés são em maioria caboclos, são um misto de Keto e Angola.

Registam-se nele influências indígenas e mestiças, resumindo-se os hinos especiais de cada encantado ou caboclo, cantados em português, a uma declaração dos seus
poderes sobrenaturais.
Existem ainda os “Candomblés de Caboclo”, típicos dos cultos trazidos pelos negros de Angola. Nessas cerimónias, as filhas e os filhos de santo incorporam não apenas os orixás, mas também os espíritos de “caboclos”, que seriam entidades de luz da corrente indígena.


Vejamos uma lista com alguns caboclos e caboclas com os respectivos orixás, notando como os nomes dos caboclos tendem a fazer referência a atributos do orixá:

Ogum – Caboclo do Sol, Pena Azul, Giramundo, Serra Azul, Serra Negra, Sete Laços, Trilheiro de Vizala, Sete Léguas, Rompe Mato, Laço de Prata;
Oxóssi – Mata Virgem, Pena Verde, Jurema, Arranca-Toco, Sete Flechas, Urubatam;
Ossaim – Junco Verde, Boiadeiro das Matas, Floresta, Guarani;
Omolu – Girassol, Tupinambá, Xapangueiro, Cambaí;
Nanã – Treme Terra, Cabocla Camaceti, Rei da Hungria;
Oxumarê – Cobra Coral, Cobra Dourada;
Xangô – Mata Sagrada, Boiadeiro Zamparrilha, Boiadeiro Trovador, Boiadeiro Corisco, Sete Pedreiras;
Iansã – Ventania, Vento, Jupira, Zebu Preto, dos Raios;
Obá – Pena Vermelha;
OxumLua Nova, Lua, Jandaia, Cabocla Menina, Estrela Dourada, Sultão das Matas;
Logun-EdéLaje Grande, Laje Forte, Bugari;
Iemanjá – Sete Ondas, Indaiá, Juremeira, Estrela, Sete Estrelas, Iara;
Oxalá – Pedra Branca, Pena Branca, Lua Branca, Águia Branca.

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